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Set 12

 

Vindimas…

 

Vindimas

Acordar manhã cedinho

Ao nascer deste sol setembrino

Fora das sombras abrasador

Debaixo delas tranquilizador

Tesouras de podar nas lestas mãos

São as alfaias destes artesãos

Cuidadosamente cacho a cacho

Vão podando

Vão armazenando

Em cestas levadas às costas e à cabeça

Para nos lagares as deitar

Depois dos lagares cheios

Chegam gentes de pés descalços

Que às uvas colhidas e armazenadas

Cantando cações dolentes

As vão pisando incansavelmente

Até que os pés fiquem dormentes

Até que os seus suores e lágrimas

Se misturam e temperam

O líquido assim nascido

Origem dos nobres vinhos surgidos

Fruto das gentes de pés descalços

Que à noite adormecem por desfalecidas

Sonhando que ao fim da jorna

Suas dividas poder pagar

Depois de um esforço ciclópico

Num contrato a termo incerto

Vindimas de castas mui nobres

Os que colhem e às uvas pisam bago a bago

Jamais ousam saborear esta nobre melodia

Do néctar para os ricos

Gemido do esforço dos pobres

 

Marcolino Duarte Osório

          - Peregrino -

          2012-09-21

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 00:52
sinto-me: satisfeito...!

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