Quando nascemos…
Quando nascemos
Jamais imaginamos
Quanto teremos que palmilhar
Se o soubéssemos
Perguntar-nos-íamos
Será que teríamos coragem
Para vivermos todo o Futuro
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2013-01-29
Quando nascemos…
Quando nascemos
Jamais imaginamos
Quanto teremos que palmilhar
Se o soubéssemos
Perguntar-nos-íamos
Será que teríamos coragem
Para vivermos todo o Futuro
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2013-01-29
Os amantes…
São quase horas
Da minha amante chegar
Durante o dia
Pequeno-almoço
Almoço
Lanche
Jantar
E grande parte do meu serão
Ela está sempre ausente
Deixa-me tranquilamente vaguear
Pela minha vida diária
Quando chega a sua hora
Surge como por encanto
Sem me pedir licença
Bater à porta
Para quê
Se ela entendeu
Possuir-me durante toda a noite
Que serei dela eternamente
Assumi já o meu papel passivo
Não vale a pena resistir-lhe
Assenhoreou-se de todo o meu ser
Dominando-me os cinco sentidos
Entranhando-se em mim
Sou pasto do seu insaciável prazer
Não tem diminutivo
Adora o seu nome
É inodora
É invisível
É persistente
Não é carente
Faz-me sentir vulnerável
Nunca nutri afectos por ela
Medos mil dela sinto
Mas sou seu eterno escravo
Como se chama
Apenas uma só palavra a define
Insónia
Os amantes…
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2013-01-17
Pelas madrugadas…
Pelas madrugadas
Ela entra de mansinho
Sem pedir licença de pernoita
Instala-se à sua maneira
Teimosamente egoísta
Cabeça desperta
Olhos bem abertos
Minha mente vagueia
Aqui ali e acolá
Sempre em busca de algo novo
Desejando esquecer
Que a velha insónia não arreda pé
Quanto mais velho
Mais ela me ama incondicionalmente
Transforma minhas noites de descanso
Em autênticos pesadelos
Mal o Rei Sol aparece
Lá vem o meu sacrificado sono
Levanto os estores
Deixo a luz do dia entrar
Acomodo-me sob o edredão
Adormeço tranquilamente
Pelas madrugadas
O meu medo de morrer sozinho
Entra de mansinho
Sem pedir licença de pernoita
Instala-se incomodativamente
Não me deixando dormir tranquilamente
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2013-01-16
Esperei tempos infindos…
Esperei tempos infindos
Para que te abrisses a mim
Que abrisses as portas ao teu amor
A quem te amava incondicionalmente
Mas do teu coração
Nem uma janela se abriu
Por amor deixei minha terra natal
Larguei bens pessoais
Deixei lá para trás amigos de infância
Mergulhei numa diáspora abissal
Certo de que está a valer a pena
Crente e afoito continuo a caminhar
Por terrenos sem horizontes à vista
Nem respostas às minhas verdades
Parar pelo caminho para olhar lá para trás
É coisa que deixou de fazer parte de mim
O ruído de tudo e todos que me rodeiam
Deixou de me afectar
Porque decidi viver na minha paz
Feliz por nada de meu possuir
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2013-01-12
Passear...
Passear
Há muito que não o fazia
Há meses que tenho estado parado
Por motivos de saúde
Tenho estado retido em casa
Mas este sábado não resisti a um convite
Convite tentador
Para olhar horizontes diferentes
Para arejar as ideias
Para dar um pequeno passeio
Para caminhar um pouco a pé
Quem sabe fazer meia dúzia de fotografias
A tarde estava deveras interessante
Luminosa
Temperada
Sem ventos incomodativos
Parando aqui ali e acolá
Deparei-me com uma maravilhosa paisagem
Onde a foz do Tejo sobressaia
Não resisti
Pedi para pararem o carro
Lá do alto
Olhei pelo visor da máquina
Enquadrei o melhor que pude
E fixei a imagem que encima este post
Gostei do que vi
Gostei do que fotografei
Gostei do ar que respirei
Gostei de caminhar tranquilamente
Em fim
Gostei de ter gostado de poder passear
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2013-01-06
Relações cortadas...
Relações cortadas
É facto que nos faz sofrer
Principalmente a quem opta fazê-lo
Nunca cortei relações com ninguém
Por índole e educação
Sempre desejei que o bom senso imperasse
Quem comigo esteja de relações cortadas
Terá que desfazer este nó górdio
Sem que eu possa participar
Uma vez que foi de seu livre arbítrio
Cortar-me da sua intimidade
Se terei alegria em ser readmitido
Confesso que nunca será como antes
Pois quem comigo cortou
Sentir-se-á deveras inferiorizado
Perante a ninha futura presença
Mas de mim para com essa pessoa
Existirá eternamente amizade
Para que se sinta bem a meu lado
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2013-01-04
Bateram à porta...
Bateram à porta
Estranhei mas fui abrir
Meus olhos olharam o belo dos teus
Sorrimo-nos
Entraste tranquilamente
Ajudei-te acomodar o trólei
Tua alegria invadiu novamente
Todo o meu ser
Por quanto tempo vais cá ficar
Olha…
É como costumas dizer
É até ficar cheia de ti
Tenho que fazer a cama de casal
Para quê tanto trabalho
Se continuas com as velhas insónias
Porque não dormirmos no sofá cama
Tu vais navegar pela nete
Eu viajarei na revisão do meu manuscrito
Quando te der a soneira
Olha…
Salta para o meu lado e faz-me companhia
Que estás para aí a escrever
Fica descansada que é lamechas
Sorriu-se acrescentando
Nada de fazer murchar as flores do parque
Suspirou
Voltei a dedilhar o velho teclado
Tentando coordenar as ideias
Dei comigo a cabecear com sono
Apenas o tique-taque do relógio de parede
Marcava o ritmo do tempo
Desliguei-me do que estava a fazer
Resolvi deslizar para junto dela
Acomodei-me lentamente para não a acordar
Suspirou serenamente
Murmurei muito baixinho
Oh que bom
Há muito tempo que não estávamos juntos
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2013-01-03
Vencer esta crise...
Vencer esta crise
Foi remédio ainda não inventado
Todos a descrevem
Mas ninguém encontrou ainda solução
Apontam-se todos os dedos à nossa volta
Ninguém foi capaz de se apontar
A meu ver esta crise não nos derrotará
Se olharmos para ela com inteligência
Sim com inteligência e sem emotividade
Desde que lidemos com ela com humildade
Quem já teve e deixou de ter
Não por culpa própria
Será recompensado numa futura crise
Se a olhar com tranquilidade
Revendo os sumários das lições anteriores
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2013-01-02
Porquê um Adeus...
Porquê um adeus
Se nada ainda terminou
Foi apenas uma mudança de data
Foi apenas mais um ano
Foi apenas mais um dia
Como todos os dias acontece
Ao Sol poente
Acontecem encontros de amor
Lá vem a Lua indiscreta e sensual
Com seu piscar de olhos e sorriso misterioso
Avisar-nos que chegou a hora de voltarmos a amar
Corpos enlaçados suados e cansados
Abandonam-se sob o manto do céu estrelado
Aqui e ali riscado por estrelas cadentes
Bom augúrio para os belos amantes
As folhas do calendário
Nunca se refazem apenas são deitadas fora
As noites de grandes amores
Jamais se deitam fora
Apenas se refazem em pleno dia
Para ao brilhar das primeiras estrelas
Regressarem à volúpia dos abraços
Dos eternos amantes enlaçados suados e cansados
Voltando a amar-se sob o manto do céu estrelado
Até que o Rei Sol reapareça e as estrelas se escondam
Senti-me recortar teus lábios com os meus
Senti nos teus o calor do nosso desejo
Enlacei-te com vontade de te amar profundamente
Vacilaste
Cingi-te mais a mim
Afastaste-me
Deixei de sentir teus firmes e doces seios no meu peito
Nossos lábios se afastaram
Teus dedos dos meus se largaram
Dos meus olhos grossas lágrimas rolaram
Meu Deus
Porquê um adeus assim tão desesperado
Se nada ainda terminou
Para mim foi a redescoberta do amar alguém
Será que para ti foi apenas uma aventura
Medo da redescoberta da mudança da noite para o dia
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2013-01-01