06
Mar 12

 

O meu Avô José…

 

O meu Avô José

Era um homem muito grande

Era um homem de mãos enormes

Mão calejadas de Maquinista

Quando em mim pegava ao colo

Sentia-me seguro

Lá de muito alto da sua altura

Eu olhava tudo de lá cima cá para baixo

O que me fazia sentir ainda mais igual a ele

O meu avô era muito forte

Ele era possante

Tinha muita força mas era sempre meigo

Quando podia viajar com ele

Entre duas estações a meio da viagem

Meu pai levava-me até à grande locomotiva

Para aí

Ao colo do meu Grande Avô

Me deliciar com as paisagens africanas

Apanhar na carita aquele ar fresco da manhã

Contrastante com o calor abrasador da locomotiva

Olhar a medo quando a enorme porta da fornalha

Era aberta para ser abastecida de lenha

Lá de dentro saíam fagulhas e uma grande luz alaranjada

O calor era enorme

Os ferros da locomotiva estavam tão quentes

Que minhas pequenas mãos não gostavam desse calor

Quando chegávamos à paragem seguinte

Dava-me sempre um beijinho

E ao seu filho me entregava

Era um grande contador de histórias

Não das da gata Borralheira

Mas deliciosas histórias inventadas por ele

À mesa lá em casa e em família

Comíamos boa carne de caça

Boas sopas alimentícias

Peixe e carne igualmente cozinhadas pela minha Avó

Meu avô era aventureiro moderno e sempre actual

Um dia já eu tinha 16 anos

Resolveu experimentar andar na minha motorizada

Ambos riamos à gargalhada estava a ser uma festa

De tal modo nos fizemos notados

Que minha Avó apareceu de vassoura no ar

Gritando para ambos

Oh José e Marcolino parem com isso

É mais maluco o velho do que o neto

Deus vos dê juízo até à hora da vossa morte

Quando o meu Avô José faleceu

Dentro de mim ficaram gratas recordações

 

© M. Osorio

 - Peregrino -

  2012-03-06

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 04:23
sinto-me: feliz com este meu avô!

28
Nov 10

 

 

Avôzinho...porque não festejas o Natal...

 

Ele olhou bem fundo nos olhitos redondos

Deste seu netito

Tão iguais aos seus com a mesmissima idade

Suspirou e disse-lhe complacente

Olha meu querido

Quando teus avós nasceram

Esta data

Não era sequer considerada

Como a do Natal atual

Era outra coisa sem festa

Era mais um dia do ano

Era mais uma folha do calendário

Os teus avós a isso se habituaram

Depois veio um Papa

Todo lampeiro

Aqui d'el Rei

Temos de mudar de data

Deste atual Natal

Porque esta gente materialista

Matou tudo tudo dos pés à cabeça

Materializando-o

Esquecendo-se que o Natal é Espiritualidade

Que deveria ser uma celebração da Familia

Vivido em Comunhão Espiritual 

De todos e com todos os da mesma Familia

Transformou-o numa feira de trocas

Onde abundam as ofertas ricas

Porque até dá muito menos trabalho

E estas prendas caras

Até se podem pagar a prestações

Onde quem pode comprar dá aquilo que deseja

E quem não pode comprar fica-se pela sua presença

Sentindo-se envergonhado na sua pobreza

E o dar Afetos ninguém os vê

Porque estes tais de Afectos já ninguém os usa

Vulgarizaram-se e deixaram de ser dados

Quem os tenta transmitir torna-se ridiculo

Por se cultivar o Mundo dos Desafetos

Quando mudaram o Natal para 25 de Dezembro

Este teu avozinho muito triste ficou

Ficaste triste Avozinho..porquê...

Olha meu querido netinho

Esta festividade apenas mudou de data

Porque as pessoas e as suas cegueiras

Continuaram a ser as mesmas...

 

Marcolino Duarte Osório

- Peregrino -

2010-11-28

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 07:32
sinto-me: à espera deste milagre...!

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