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Out 12

 

Eu sou o Aston..

 

Eu sou o Aston

Olhem só pra mim

Como era pequenino quando nasci

Logo vieram interessados

Mexer e remexer na nossa ninhada

Era um corrupio de gente barulhenta

Miúdos e graúdos

Pegando em cada um de nós

Escolhendo entre machos e fêmeas

Se cão se cadela seria

Para logo nos separarem

Como se fôssemos seres sem afectos

Só sei que fui ficando para o fim

Sentindo por muito mais tempo

O calor e o afecto da minha mãe

Um belo dia chegou um casal meio jovem

Logo de um deles escutei

Oh só têm cá este meio desengonçado

Senti-me elevar seguro por mãos doces e firmes

Gostei

Mas quedei-me mansinho meio dorminhoco

Não fora acontecer como aos meus maninhos

Tirarem-me do calor da minha mãezinha

Olha é um macho ouvi da boca dela

Logo veio ele espreitar virando-me de patas para o ar

Mas que gente tão estupida virando-me e revirando-me

Só para saber se eu era macho ou fêmea

Pois é disse ele

Queres comprar e lavá-lo para nossa casa

Sim disse ela acarinhando-me junto ao seu rosto

Que nome lhe queres dar

Olha chama-lhe Aston é curto e sonoro

Aston… Aston querido olha para a dona

Mas que chata pensei eu

Deixa estar disse ela dando-me muitos mimos

Fingi que tinha adormecido

Minha mãezinha apercebeu-se que me iam levar

Preocupada levantou o focinhito

Para me lamber e cheirar

Quem sabe se pela última vez

Senti-me órfão

Senti-me só na vida

Senti-me mais pequeninito do que já era

Senti medo de ficar longe da minha mãe

Senti minha cabeça andar à roda

Com o forte cheiro do perfume da minha dona

Apre esta gente ainda não aprendeu

Que cão só gosta do cheiro dos dele

Fui metido numa cestinha forrada de tecido colorido

Fui cercado de bonecos e coisas esquisitas

Muitas festinhas e muito carinho me iam dando

Mas faltava-me o calor da minha mãe

Faltavam-me as suas lambidelas de carinho

Faltava-me o seu cheiro

Faltavam-me as suas tetas para meu leite ir beber

Deram-me tudo aquilo que pensavam eu gostar

Só uma coisa não me poderiam voltar a dar

O calor o amor e os afectos da minha mãe

 

Marcolino Duarte Osório

          - Peregrino -

          2012-10-13

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 04:53
sinto-me: bem feliz!

Que bonito poema, tão cheias de ternura as palavras escolhidas e os sentimentos que exprimem!
Zilda Cardoso a 13 de Outubro de 2012 às 10:30

Obrigado, Zilda!
Marcolino a 13 de Outubro de 2012 às 12:15

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