Ajudas...!
Durante grande parte da minha vida neste belíssimo Planeta Azul fui, como todos nós, um ser saudável, apesar de ter nascido num Continente onde sempre grassou a Poliomielite, vulgo Paralisia Infantil, a Biliosa, a Tripanossomíase (Doença do Sono), o Paludismo, e a Hidrofobia, vulgo Raiva.
De todas estas doenças, todos nós, seres humanos, nascidos no Continente Africano, fomos afectados, principalmente pelo Paludismo. O Índice de mortalidade infantil, décadas de 40 e 50, era assustadoramente elevado.
Em miúdo, com os meus 8 anitos, fui mordido por um cão doente com Hidrofobia e, o tratamento, recordo-me, foram injecções na barriga, durante não sei quantos dias, e as dores que essas aplicações injectáveis se faziam sentir em mim, foram de tal forma horríveis que, ainda hoje, me recordo, dessa fase da minha vida, com algum constrangimento. De resto, fora as avitaminoses, e as furunculoses, fui um felizardo, em relação a outros conterrâneos.
Estas Doenças Tropicais, algumas mortais, outras altamente depauperantes para os organismos humanos, a quem passa por elas, e sobrevive, deixam mais marcas físicas que psicológicas.
Cedo me habituei às faltas de saúde!
Quando, em 1969, vim para Portugal, definitivamente, frequentei durante uns dois anos o então Hospital do Ultramar, para prevenir qualquer recidiva. Graças a Deus tudo ficou sanada e, ao fim de 5 anos, estava completamente liberto do Paludismo.
Quando em 1991 fui confrontado com a minha perca de visão, progressiva, entrei em pânico, pois tinha uma família a sustentar, tinha uma vida a viver que, desejava eu, fosse, nem pesada a mim, nem pesada à minha família!
O meu Calvário começou nessa altura, mas fiz tudo, mas mesmo tudo, para nunca me tornar num dependente! A força anímica de que me muni, instintivamente, para poder vencer o meu medo de ficar cego, para poder ser autónomo, e deixar a família tranquila, e despreocupada, não foi entendida assim, pela minha ex-mulher, que me passou a achar, não um lutador, dos pés à cabeça, mas sim, uma pessoa irredutível, irascível, coisa que nunca tinha acontecido até aí.
Resolvi recorrer a um Psicólogo, com receio de estar a proceder de forma errada.
Rapidamente cheguei à conclusão de que a minha, demasiado extremosa, esposa, tinha mais medos que o seu marido, e tratou de me querer prender em casa, coisa que não lhe permiti, porque desejava sentir-me útil. Porque desejava adaptar-me, lentamente, à minha lenta, mas drástica, nova situação.
De início, dei muitos tropeções e variadíssimos tombos. Magoei-me, como acontece com os nenés..., mas, rapidamente, adaptei-me e aprendi a andar, tal como hoje ando, quase sem se notar que vejo muito mal.
Resultado: Em 1999, como não conseguia controlar-me a sua maneira, como ela achava que era certo, e os médicos não…, a sua instância, assinamos o Divórcio Amigável. Ela seguiu para onde desejou. e eu fiquei por Lisboa!
Em 2001, adoeci, emagreci drasticamente, até aos 51 quilos, fui operado de urgência ao Intestino Delgado, fiz quimioterapia e fui dado como curado.
Nessa altura, pela experiência de Vida ou Morte, com 58 anos de idade, depois de recuperado, fisicamente e psicologicamente, convidado, entrei para um grupo restrito de Visitadores Voluntários, não no Hospital onde havia sido operado, mas sim no I.P.O. de Lisboa.
Quando para lá entrei, não foi com o intuito de me dar a conhecer como um ex-canceroso, mas sim escutar quem por lá estava internado, passando por aquilo que eu já havia passado, quiçá em muito mais grave estado de saúde que eu, alguma vez, tenha estado.
Além de ajudar, pelo escutar atentamente as pessoas, também me ia fortalecendo psicologicamente, no meu estado de alma, o que, aumenta, de forma invisível, consideravelmente, a capacidade de regeneração orgânica! É das estatisticas!
Em 2004, numa noite de inverno, levantei-me indisposto, fui até à cozinha, beber um pouco de água com sumo diluído De repente, uma forte dor intestinal, transformou-se numa abundante hemorragia. Com duas toalhas de banho, só, sem ninguém, porque foi essa a minha opção de Vida, continuar a minha Caminhada, sem ter medo algum de estar só e sem ninguém, fiz uma enorme fralda. Com calma e discernimento, liguei para os Bombeiros de Loures, dos quais sou sócio há muitos anos, e lá fui internado, de novo. Levei 4 unidades de sangue, e três dias depois estava em casa, seguro e afoito para continuar a minha caminhada. Como prevenção fiz Quimioterapia, que resultou em pleno.
Agora, em 2009, numa visita de rotina à minha médica de família, antecipou de Julho para Abril, deste ano, o rastreio anual, ao meu intestino Delgado. Atempadamente reiniciei a Quimioterapia que, aplicada a tempo e horas, sob indicação e vigilância médica, está a ter resultados surpreendentes, até para os próprios clínicos, esses sim, sim senhor, a quem me insultou, escondido sob anonimato, esses é que são profissionais de Saúde!
Apesar de ser insultado, pela internete, por gente escondida pelo anonimato, Seres Humanos que, graças a Deus, ainda não passaram por este Estágio de Vida, perca progressiva da Visão e Neoplasia localizada no Intestino Delgado, devidamente controlada clinicamente, continuarei, até ao meu último dia de Vida Física, a contribuir com o meu Exemplo de Vida, tal como fazem Colunáveis, respeitados, porque, além de Seres Humanos, são protegidos pelos Média, o que lhes confere, segundo aqueles que me insultam, honorabilidade que eu jamais tive...
Será que quem se esconde sob annimato, e insulta dessa torpe forma, soube, alguma vez na vida, o que é Honorabilidade?!
A Doença. A Dor Física. O Medo de Morrer. Dão-me uma Força Anímica, Invisível, tão grande, mas tão grande que, esses Seres Humanos, em vez de me fazerem desistir, calando-me, perante seus contínuos e torpes insultos, anónimos, tão desprovidos de Humanidade, só fazem com que eu continue a agir, para com esses Seres Humanos, como ajo contra a Doença, contra a Dor Física, e contra o Medo de Morrer!
Não tenho quaisquer medos de vós, nem da falta de saúde!
Posto isto, bem Hajam Amigos, porque, sem se darem conta, contribuíram, decisivamente, definitivamente, positivamente, para o aumento, até ao seu auge, da minha Força de Viver a Vida que Deus me deu, a Vida que tanto Amo, a Vida que somente ELE me poderá tirar!
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
Albufeira - 2009-06-22