25
Set 09

 

 

Vivi um Nunca Vivido por Mim...!
 
Eram perto das 12 e 30, quando estava a preparar-me para sair de casa. Às tantas entrou-me pelos ouvidos um bruá enorme, vindo de gente muito aflita, descendo as escadas deste prédio, a correr, e a gritar.
 
Como é normal aconteceram cenas pouquíssimo ortodoxas, cá dentro do prédio, deixei as minhas preocupações para, mais tarde, já no café, saber o que por ali havia acontecido.
 
Continuei arranjar-me tranquilamente. Passados poucos minutos dei comigo a sentir este apartamento invadido por fumos muitíssimo negros que entravam casa dentro. Então, foi quando me apercebi, pelos cheiros pestilentos que algo estava de acordo com o que acabara de escutar.
 
Fui de imediato contactado, telefonicamente, por um dos vizinhos, com quem me relaciono muito bem, que me perguntou onde eu estaria. Respondi-lhe tranquilamente que estava em casa. Pediu-me para não ter medo porque, os Bombeiros Voluntários de Loures, já haviam sido chamados, e que não abrisse a janela de vidro da cozinha, dado que o segundo andar, letra A, estava em chamas.
 
Na realidade assim me comportei para não entrar em pânico como estava acontecer com dois vizinhos, um do meu andar e outro do 3º andar.
 
Os Bombeiros chegaram. Dominaram de imediato o foco principal deste incendio. Recolheram as duas senhoras de idade com uma Escada Magirus.
 
Entretanto uma das equipas veio bater-me à minha porta para ver se necessitava de socorro. Respondi-lhes que estava bem. Aperceberam-se que eu estava calmíssimo, e com as vias respiratórias cobertas com uma T-Shirt. Contudo lá me deram a saber aquilo que deveria fazer, dentro de minutos, para arejar este apartamento, carregado de fumos negros, e intoxicantes. Foi o que fiz. Debrucei-me à janela, donde tirei esta fotografia, para mais tarde me recordar daquilo porque passei hoje.
 
Confesso-vos que, a partir de agora em diante, este velhote, que vos escreve diariamente coisas e loisas do seu dia-a-dia, ficou vacinado, para sempre, contra qualquer intempérie humana, das forças da natureza, ou de indeterminados desleixos, dos que me rodeiam.
 
Foi assim, desta forma, que nasceu este flagrante, da minha vida real!
 
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2009-09-25
 

 

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 15:57
sinto-me: Em Paz...!
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Se eu pudesse...

 
Levaria apenas uma pessoa
Para fazer aquela viagem
Não a dos meus sonhos
Mas talvez a derradeira
Uma ida sem volta
Ao mundo dos Sonhos
Já que sonhar me foi proibido
O Sonho
Fez sempre parte integrante
Da chamada Felicidade Humana
Há os que o materializam
Com isto aquilo aqueloutro
E os Pobres meu Deus
Já que não podem materializar
Com isto aquilo aqueloutro
Os seus devaneios
Tornaram-se imaterializáveis
Sem fronteiras
Tal como esta minha Felicidade
Sem fronteiras
Jamais alguma vez materializável
 
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2009-09-25
 
publicado por Marcolino Duarte Osorio às 00:38
sinto-me: Nas minha Sétima Felicidade!

21
Set 09

Fins-de-semana no Feminino...

 
Fins-de-semana no feminino, nunca foram fins-de-semana, distraídos com leituras, escritas, pequenos passeios, dentro e fora da cidade, em fim, um preencher de tempo desejado livre, desde que se acorda até altas horas da noite.
 
Uma amiga bloguista, plena de boas intenções, ao sugerir a quem a lê, maioritariamente um público no feminino, leituras e passeatas, fez-me recuar aos tempos idos em que eu via minha mulher, depois de uma semana exaustiva, como professora, às voltas, num corrupio, cantarolando sempre, limpando a casa, lavando as roupas dos filhos e as nossas, mudando os lençóis das camas, preparando almoços, em fim um não acabar de actividades domésticas que lhe preenchiam os fins-de-semana.
 
A seu pedido, eu pegava nas minhas duas filhas, e levava-as a passear, para deixarmos a mãe de família, fazer as coisas na sua santa paz e sossego.
 
Após o jantar. noite alta, já com as filhotas nas suas camitas, cansadas das brincadeiras de fim-de-semana comigo, ficava-mos ambos a olhar uma televisão, que debitava sons a torto e a esmo, que se iam tornando cada vez mais inaudíveis.
 
A nossa conversa ia amolecendo, até que ela acabava por adormecer encostada ao meu ombro e agarrada a um dos meus braços.
 
Isto era assim, muitíssimo bom, dizia ela, porque nos fins-de-semana em que isto podia acontecer, era porque não tinha pontos para «ver», nem relatórios para fazer.
 
Como ela, centenas de milhar de mulheres, exercendo profissões demasiado absorventes, são confrontadas com uma multiplicidade de tarefas, profissionais e domésticas, sem esmorecer.
 
Felizes daquelas mulheres que podem, e sabem usufruir, de um sábado e de um domingo, sem estas duas tarefas, apenas para si mesmas, fazendo algo de diferente, para deixarem de se sentir esmagadas!
 
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2009-09-21
 
publicado por Marcolino Duarte Osorio às 11:31
sinto-me: Amado!

20
Set 09

A primeira Vez...

 
Recordo-me como se tivesse sido ontem. Ia fazer seis anitos de idade. Segurava uma sacola de pano grosso azul, feita pela minha mãe, nas minhas pequenitas mãos transpiradas. Minha mãe ajoelhada em frente a este nené magrizelas, de olhos muito grandes e inquietos, segredava-me palavras de incentivo, enquanto me aconchegava ao seu peito.
 
Meu pai estava impaciente porque as horas passavam. Tinha que ir para o trabalho, mas queria ser ele a levar, pela primeira vez, este seu filho à escola. Era também a sua primeira experiencia.
 
Lá partimos, ambos, filhote e pai, a pé, até à escolinha Primária que distava de nossa casa, pelo menos, 3 quilómetros.
 
Eu era o nené feito valente, sem desejar mostrar como estava assustado. Ia caladinho, mãos ultra suadas, tremendo cheio de medo, porque nunca tinha visto uma escola, onde iria aprender a ler pela Cartilha João de Deus, aprender a escrever, aprender a fazer muitas coisas, incluindo as famigeradas contas, e uma coisa esquisita chamada tabuada.
 
Uma vez lá chegados, sem me explicarem patavina, fui logo integrado no grupo dos medrosos e chorosos debutantes.
 
Meu pai ergueu-me até nossos olhos se encontrarem, e segredou-me: -Anda lá rapaz, não tenhas medo da escolinha, tens que estudar muito para seres um homem.
 
Meio entupido acenei-lhe que sim com a cabecita. Deu-me um beijinho numa das faces, colocou-me no chão, e lá me encaminhou carinhosamente, para aquele grupinho de meninos, onde eu não conhecia ninguém.
 
Aquela manhã, muitíssimo diferente de todas as outras, até então vividas por mim, ficou gravada, nas minhas belíssimas memórias!
 
Ao meio-dia e meia, minha mãe estava à entrada da escola, com as outras mães, mais ansiosa que eu.
 
Mal a vi, corri logo para ela, feliz da vida porque tinha muitas coisas para lhe contar.
 
De mãos dadas, regressamos a casa tranquilamente, palmilhando de novo, aqueles quilómetros, acompanhado por quem, em silêncio, me escutava tagarelando alegremente, feliz da vida, sobre aquele primeiro dia que, ainda hoje, me soa, e sabe, como uma grande aventura.
 
Isto aconteceu-me há 61 anos atrás, precisamente...!
 
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2009-09-20
 
publicado por Marcolino Duarte Osorio às 01:19
sinto-me: Belissimas recordações...!

17
Set 09

Igualdade de Direitos...

 
Aventura é aventura, quem não arrisca não petisca, e assim se perderam sete jovens Mulheres...
Há que meter as sete lá dentro da carrinha de caixa fechada. Cinco delas, mal sentadas, e em desequilíbrio, lá atrás. As outras duas à frente muito despachadonas. A condutora, eufórica, há que meter pé na tábua. Entretanto apareceu uma curva apertada. Um pneu mal cheio, o suficiente, cedeu. A carrinha entrou em contramão com horrorosos gritos de aflição, bateu de frente numa carrinha bem mais pesada, e 7 lindas Mulheres morreram de uma só vez!
Um dia destes, a propósito da quantidade de acidentes de automóvel, com jovens do sexo masculino alguém perguntou: Porque é que tantos jovens morrem em desastres.
Também já fui jovem. E comentei que os jovens, foram sempre de extremos, até partir a corda.
Confesso-vos que nunca me imaginei assim, a comentar sete Mulheres, jovens, na flor da vida, a «suicidarem-se» colectivamente!
Igualdade de direitos sim: Até na busca da Morte Violenta, nas estradas de Portugal...!
 
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2009-09-17
 
publicado por Marcolino Duarte Osorio às 09:30
sinto-me: DEmasiado triste...!!!
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16
Set 09

À Vida tenho Pedido...

 
À Vida tenho pedido Forças
Retribui-me com dificuldades
Não uma só vez
Mas sempre e sempre
Quase que diariamente
Para que eu me habitue a ser forte
No role dos meus pedidos
Inclui o da Sabedoria
Retribuiu-me
Com mil e um Problemas para Resolver
Na minha Caminhada Diária
Não podia faltar pedir
Prosperidade
Presente e futura
Descobri que me foi dada à nascença
Cabeça
Tronco
Membros
Muita vontade
Muita Força
Para Trabalhar no que fosse necessário
Lembrei-me de desejar ser Afoito
Fui brindado
Com um Mundo novo
O da Coragem
Para ultrapassar
As Barreiras do meu dia-a-dia
Resolvi também pedir
Muito e muito Amor
Fiquei rodeado de Amigos
Para com eles viver
Em Paz
Com Amor Fraternal Universal
Em constante Partilha
Pensava que destes pedidos
Nada ainda havia recebido
Mas vendo bem melhor
Sempre tive tudo aquilo que necessito
 
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2009-09-16
 
publicado por Marcolino Duarte Osorio às 08:23
sinto-me: Coração Pleno...!

15
Set 09

Dando continuidade...

 
Olá a todos, sem excepções, incluindo todos aqueles que se mantiveram em silêncio, mas estiveram comigo em pensamento, e todos aqueles que deixaram por escrito, tanto por e-mail como neste Blogue, os seus votos em relação à saúde da minha pessoa, incluindo este belíssimo pensamento, "Somos responsáveis por aqueles que cativamos", que me fez abreviar o meu Interregno, para dar continuidade ao que havia sido interrompido.
 
Cheguei a minha casa, terça-feira passada, 2009-09-08, pelas 15 horas. Senti-me tão bem, tão eu mesmo, que minha alegria redobrou.
 
Apenas hoje por aqui poisei, só para vos cumprimentar, e dizer-vos que esta intervenção cirúrgica decorreu como o previsto: Correu muito, muitíssimo bem!
 
Sinto-me óptimo, apenas um tanto ou quanto "demasiado" desmemoriado, por causa da anestesia. Ainda foram 4 horitas e picos...
 
Evidentemente que ainda estou sob vigilância médica em minha casa. Minha convalescença está a decorrer bem demais! Ontem fui ao Hospital para o tratamento ambulatório e os médicos estão admirados com a minha recuperação tão rápida! Haja vontade, que tudo se supera!
 
Até dá para continuar, tal como dantes, sem incomodar quem quer que seja, que me ajude no meu dia-a-dia. As tarefas pesadas, estou proibido de as fazer o que é óbvio. Contudo, tenho, temporariamente, uma Técnica de Actividades Domésticas, vulgo Mulher-a-Dias, que me foi recomendada por pessoa amiga, que cá virá, às terças e quintas-feiras, executar as tarefas que ainda não posso fazer, tão cedo.
 
Para todos vós um grande e forte abraço de agradecimento porque, parecendo que não, somos, normalmente, um grupo heterogéneo mas muitíssimo solidário além de responsáveis, uns pelos outros, porque temos o condão aglutinante, de nos darmos as mãos, com as nossas vivências diárias, para deixarmos de olhar apenas para os nossos umbigos...
 
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2009-09-15
 
publicado por Marcolino Duarte Osorio às 11:20
sinto-me: Bem Feliz...!!!

01
Set 09

Interregno...

 
Por vezes há que saber parar
Desta vez é mais uma
Minha saúde a isso me obriga
Desejava ser rápido no meu regresso
Mas nas minhas mãos isso já não está
Agradeço a todos
Mas mesmo a todos sem excepções
Pacientes funcionários do JN
Companheiros Bloguistas
A companhia que me fizeram
As brincadeiras que para comigo tiveram
As suas diferentes personalidades
A diversidade de opiniões
Os amuos
E os incentivos
Aos que conheci pessoalmente
Aos que ainda não conheço pessoalmente
A todos
Elas e Eles
Aquele Fraternal Abraço
 
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2009-09-02
 
publicado por Marcolino Duarte Osorio às 22:26
sinto-me: Interregno...!

Crónicas da Vida Real do Peregrino

 
Hoje fui a um Funeral como nunca, na minha vida, havia assistido. Foi a materialização da Última Vontade de um grande Amigo meu. Homem íntegro. Homem de óptimas qualidades. Homem destruído pela insensatez da ex-mulher e dos filhos.
 
Conhecemo-nos em jovens quando praticávamos desporto. Era leal. Era daqueles que sabia a força que tinha. Era também daqueles que sabia perder e sabia ganhar!
 
Não sei porque motivos se casou com aquela mulher que, todos nós que a conhecíamos, nem por sombras a desejávamos como namorada. Era daquelas pessoas extremamente simpáticas que entrava no coração de toda a gente mas, a dada altura, atirava uns contra os outros para, de seguida se colocar no papel de vítima...!
 
Namoraram para aí uns quatro anitos. Casaram-se pela Igreja contra a vontade dele mas, como a amava cedeu de tal forma que foi vê-lo, anos seguidos, transformado em padrecas participando nas Missas lá da sua paróquia.
 
Pela rua e nos sítios que frequentavam eram tidos e achados como boa gente, um casal exemplar, em fim um exemplo de família unida a ser seguido!
 
A mim, tanta harmonia, cheirava-me a esturro. Depois como o conhecia no seu saber perder achei que estava sempre na mó de baixo. Filhos adultos. Trinta e dois anos de casamento que num repente, acabaram, por vontade expressa dela, segundo me contou muitíssimo mais tarde.
 
Ficou só! Nunca foi homem de se dedicar, sem nexo, a uma mulher. Os filhos zangaram-se com ele. Abandonaram-no, pura e simplesmente!
 
Cedo descobri que vivia com inúmeras dificuldades. A sua pensão de reforma não dava para pagar o usual: Renda de casa, água, electricidade, gás, alimentação e medicamentos. Roupa nem pensar. Essa recebia-a usada de quem lha desejava ofertar.
 
Reuni-me com um grupo de amigos que não adivinhava o seu estado de vida, dado que ele era tão discreto que passava mais depressa por sovina do que por gastador.
 
Discretamente, apoiados pelo Gerente da sua Agência Bancária, íamos suprindo o negativo da sua conta para que nada lhe faltasse. Se existe Vida para além da Vida, ficou a saber, no dia em que morreu quem eram os seus bem feitores. Chegou a contar-me que se estivesse numa fila de pedintes mendigando um pouco de água, que os filhos lha negariam. E era verdade porque, um belo dia, necessitou de dinheiro para comprar medicamentos, pediu emprestado aos filhos, por carta, e negaram-se a ajudá-lo!
 
Há alguns meses adoecera do coração. Em pouco tempo definhou e morreu com um forte ataque cardíaco já internado no Hospital.
 
Estas foram as suas vontades, distribuídas por uma senhora das suas relações íntimas:
 
1 - Quando falecer não quero cerimónia religiosa, seja de que religião for. Quero que o féretro seja dos mais baratos para ser cremado com o meu corpo.
 
2 - Quero seguir directamente da casa Mortuária do Hospital para o Forno Crematório.
 
3 - Quero que estejam presentes as seguintes pessoas. Mencionou o nome daqueles que lhe deram sempre muita e grande Amizade, e a mão também. Cumprimos à risca apesar de alguns que contribuíram para o ajudar materialmente não estarem mencionados, uma vez que fizemos tudo em segredo.
 
4 - Os meus filhos estão proibidos de estarem presentes no meu funeral. Filhos que deixaram de conhecer o Pai em vida também não se obrigarão a reconhecê-lo depois de morto. Cumprimos à risca!
 
Do número 5 em diante são disposições legais sobre os seus parcos teres e haveres, doados a Instituições de Solidariedade Social. e a entrega das chaves do apartamento ao senhorio. Vai ser tudo, cumprido à risca!
 
O que levou este Homem Bom a proceder desta forma?
 
Só ele e Deus saberão dar esta resposta!
 
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2009-09-01
 
publicado por Marcolino Duarte Osorio às 00:55
sinto-me: Descansa, agora, em Paz Amigo!

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