Vivi um Nunca Vivido por Mim...!
Eram perto das 12 e 30, quando estava a preparar-me para sair de casa. Às tantas entrou-me pelos ouvidos um bruá enorme, vindo de gente muito aflita, descendo as escadas deste prédio, a correr, e a gritar.
Como é normal aconteceram cenas pouquíssimo ortodoxas, cá dentro do prédio, deixei as minhas preocupações para, mais tarde, já no café, saber o que por ali havia acontecido.
Continuei arranjar-me tranquilamente. Passados poucos minutos dei comigo a sentir este apartamento invadido por fumos muitíssimo negros que entravam casa dentro. Então, foi quando me apercebi, pelos cheiros pestilentos que algo estava de acordo com o que acabara de escutar.
Fui de imediato contactado, telefonicamente, por um dos vizinhos, com quem me relaciono muito bem, que me perguntou onde eu estaria. Respondi-lhe tranquilamente que estava em casa. Pediu-me para não ter medo porque, os Bombeiros Voluntários de Loures, já haviam sido chamados, e que não abrisse a janela de vidro da cozinha, dado que o segundo andar, letra A, estava em chamas.
Na realidade assim me comportei para não entrar em pânico como estava acontecer com dois vizinhos, um do meu andar e outro do 3º andar.
Os Bombeiros chegaram. Dominaram de imediato o foco principal deste incendio. Recolheram as duas senhoras de idade com uma Escada Magirus.
Entretanto uma das equipas veio bater-me à minha porta para ver se necessitava de socorro. Respondi-lhes que estava bem. Aperceberam-se que eu estava calmíssimo, e com as vias respiratórias cobertas com uma T-Shirt. Contudo lá me deram a saber aquilo que deveria fazer, dentro de minutos, para arejar este apartamento, carregado de fumos negros, e intoxicantes. Foi o que fiz. Debrucei-me à janela, donde tirei esta fotografia, para mais tarde me recordar daquilo porque passei hoje.
Confesso-vos que, a partir de agora em diante, este velhote, que vos escreve diariamente coisas e loisas do seu dia-a-dia, ficou vacinado, para sempre, contra qualquer intempérie humana, das forças da natureza, ou de indeterminados desleixos, dos que me rodeiam.
Foi assim, desta forma, que nasceu este flagrante, da minha vida real!
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2009-09-25