O Menino a quem mataram o seu Avô!
Confesso que estaria sem tema para hoje, caso não tivesse estado presente numa festa de Natal para crianças.
Fui lá, a pedido de um grande Amigo, que está proibido de ver, e contactar, com o seu netito.
Levei-lhe umas prendinhas, como se minhas fossem. Levei-lhe carinhos e afectos meus, como se do seu avô fossem!
A dada altura este menino, veio ter comigo e perguntou-me se eu não tinha visto o seu avô Marcus. Surpreendido com a sua pergunta fiz-me desentendido e peguei-lhe numa das suas mãozitas e coloquei-a entre as minhas.
Fi-lo ver que eu era apenas um amigo daquelas crianças todas. Que a todas elas dedicava o meu carinho e a minha boa disposição mas, naquele dia, vi-me a comprar os dois presentes que lhe havia entregue porque, como avô, também desejava vê-lo muito feliz com prendinhas dos avós, como todos os outros meninos ali daquela Escolinha, estavam.
Pedi-lhe para que me falasse deste seu avô.
Respondeu-me que era de muito longe, que o tinha visto duas vezes, mas depois deram-lhe a saber que aquele avô tinha morrido, como acontecera ao outro avô, pai do sei pai.
Olhando minhas duas mãos, acariciando-as uma a uma, com as suas pequenitas e doces mãos disse-me: Ele era como tu. Tinha as mãos muito grandes e assim peludas, e também não tinha anéis, como tu também não usas.
Olha, Gonçalito, não fiques triste porque Deus já levou o teu Avozinho. Ele há tantos meninos que já ficaram sem os seus avós, mas são muito felizes à mesma, como se os nunca tivessem perdido.
Oh senhor, oh senhor Peregrino, eras capaz de me pegar ao colo como fazia o meu avô Marcus?
Olha, eu já estou muito velhote e as minhas forças não são iguais às do teu avozinho Marcus. Mas olha, dá-me a tua mão e vamos dar uma volta pelo jardim desta escolinha.
Sentamo-nos num dos bancos do jardim. Estava frio, mas não chovia. Olhei-lhe aquele lindo rosto calmo, sereníssimo e bondoso, enfeitado por dois lindos olhitos, muito meigos, tal-qualmente são os olhos do seu «falecido» avô, e quedamo-nos em amena conversa até nos virem chamar para o lanche.
À saída pediu-me que voltasse no dia seguinte para lhe contar as minhas aventuras, feitas de historinhas, com dois animais: Um cãozinho e um gatinho.
Respondi-lhe que sim, caso os meus velhos ossos assim mo permitissem, pois já estavam muito cansadotes para aguentar tanto frio.
Dissemo-nos adeus com abas as mãos. Ao sair pelo portão, olhei para trás, e lá estava ele, de ar muitíssimo ausente, já à espera do tal avô de empréstimo, em que me havia tornado, a seu desejo!
Gonçalito, até um dia destes, talvez quando os dias estiverem mais de feição, o sol mais quente, e os corações menos duros.
Um beijinho para ti!
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2009-12-22