31
Jul 10

Um adeus aos preconceitos...

 

Muitos se interrogam

Porque não são escritores

Digo-lhes simplesmente

Para serem eles mesmos

Despedidos de perfeccionismos

Pegarem em papel e lápis

Colocarem bem na sua frente

Uma flor do campo

Descreve-la a sua maneira

Da mesma forma que se descrevem

Quando se despem em frente a um espelho

Tirando peça a peça

Toda a vossa roupagem exterior

Depois olhem-se bem de cima abaixo

Dispam-se dos vossos corpos

Até encontrarem no vosso núcleo

O vosso segredo bem escondido

Que nunca vos deixou escrever

Peguem nesse segredo

Sentem-se desnudos lado a lado

E conversem um com o outro

Despedindo-se peça a peça

De tudo aquilo que vos fez nunca escrever

Despido este segredo das grilhetas do passado

Logo ele se sente gente

Para se comunicar com todos a sua volta

Depois é só uma questão de tempo

Sem pena alguma por tempo se ter perdido

 

Marcolino Duarte Osório

- Peregrino -

2010-07-21

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 19:16
sinto-me: ajudar-vos a escrever...!!!

30
Jul 10

Jantar a dois...

 

Jantar a dois

Em sistema de vídeo jantar

Foi coisa

Nunca lembrada antes

Ligamos os computadores

Um em Portugal

Outro noutro país

Vídeo câmaras a funcionar

Som e imagem na perfeição

Recuados os teclados q.b.

Por combinação antecipada

Igualamos as ementas

Um prato típico português

Frango de churrasco

Bem picante

Acompanhado de batatas fritas

Um tomate bem maduro e fresco

Regado com fino vinho alentejano

Para finalizar

Um gelado pré cozinhado

Um bom café

Um belo uísque

Falávamos e riamos

Como se estivéssemos à mesma mesa

Em frente um ao outro

A uma curta distância

Que nos deixava ver e tocar

Conversamos como sempre fizemos

Quando nos apetecia jantar a dois

A dada altura

Lembrei-me da nossa infância

Quando falávamos ao telefone

De um passeio para o outro

Mas daqueles telefones

Feitos com duas caixas de fósforos

E uma longa linha de coser roupa

Rematei dizendo

Alguma vez sonhamos nas nossas vidas

Podermos estar a dezena de milhar de quilómetros

Um do outro

A vermo-nos um ao outro

A escutarmo-nos um ao outro

Como se estivéssemos separados por um vidro gigante

A jantar ao mesmo tempo

Confidenciando-nos coisas e loisas muito nossas

Aqui e ali apaladadas com um belo sorvo de uísque

Nem em sonhos de menino

Alguma vez nos imaginamos

Nesta realista vivência

De dois velhos irmãos cibernautas...

 

Marcolino Duarte Osório

- Peregrino -

2010-07-30

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 00:39
sinto-me: a viver tempos nunca sonhados!

28
Jul 10

Ontem a canícula...

 

Invadiu o meu burgo

Tornou-o quente e calmoso

Fastidiosamente irritante

O meu corpo tornou-se

Incómodo

Suado por tanto calor

Dormi muito mal

Hoje manhã cedinho

Acordei também mal dormido

Felizmente estava só

Não existia alguém para incomodar

Meti-me debaixo do chuveiro frio

Deixei meu corpo arrefecer

Senti-me bem mais revigorado

Sequei-me

Fiz a barba

Tomei o pequeno-almoço

Vesti-me

Abalei porta fora

Rumo à grade cidade

À cidade de Lisboa

Regressei meio espapaçado

Completamente encharcado

Este calor seco e alto

Irrita-me solenemente

Meti-me debaixo do chuveiro frio

Deixei meu corpo arrefecer

Minha mente amainou

Hoje não vou fazer nada

Nem para escrever tive ementa

Jantei coisa fresca

Meti pés a caminho

E lá fui refrescar-me as brisas noturnas

Regressei a casa

Bebi um refresco de laranja natural

Bem gelado por sinal

Sentei-me ao computador

Dedilhei a esmo este teclado

Letra a letra

Fui compondo palavras

Palavra a palavra

Fui estruturando este texto

Parei

Reli-o

Antes que o deite fora

Vou mas é publicá-lo

Tal-qualmente está feito

Se gosto deste texto

Pelo menos não me sinto amputado

Se irão gostar dele

Que se sintam como eu...!

 

Marcolino Duarte Osório

- Peregrino -

2010-07-28

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 00:11
sinto-me: apesar de tudo, bem feliz...!

26
Jul 10

Olho as minhas mãos...

 

Velhas e cansadas

Sinto-as vazias

Vazias de vocês duas

De quando eram nenés

E em vós pegava

Com muito amor e carinho

Cuidados redobrados

Para que mal algum

Vos pudesse acontecer

Olho-as pleno de recordações

Sentindo ainda nelas

O vosso peso

O vosso humano calor

A vossa segurança

Por se deixarem embalar

Pousadas nas minhas mãos

Ao som de melodias agradáveis

Os vossos olhitos felizes

Os vossos sorrisos em segurança

Traduziam mais que bem

A segurança que sentíeis

Naquelas doces mas jovens mãos

Deste vosso paisocas

Que ainda as tem bem doces

Mas avelhadas demais

Cobertas de subtis rugas

Que lhes dão aquele ar especial

Do carinho que vindes diariamente

Nelas buscar

Pegando-as com aquele vosso amor

Muito doce e muito seguro

Aconchegando-as ternamente

Entre as vossas jovens mãos

Mãos que ides olhar mais tarde

Recordando que em jovens

Outras velhas mas ternurentas mãos

Nelas protegeram também

 

Marcolino Duarte Osório

- Peregrino -

2010-07-26

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 18:40
sinto-me: bem feliz...!

25
Jul 10

Crimes Perfeitos...

 

Rocambolesco

Mas não é

É uma forma encapotada

De se matar alguém

Familiar principalmente

Quando este

É abandonado à sua sorte

Numa fase da sua vida terrena

Em que certos descendentes

Se eximem

De lhe prestar assistência

Quer de afetos

Quer económica

Deixando esse alguém

Na indigência

A Deus dará

Votado ao abandono

Esse alguém

Um dia aparece morto

Fulminado por um ataque cardíaco

Os médicos legistas

Relatam na autópsia a causa da morte

Esquivando-se sagazmente

Unilateralmente

Do mal que causou a morte desse alguém

A um Ser Velho

Abandonado à sua sorte

Morto pelos descendentes

Por falta da devida assistência

Irei prestar a minha última homenagem

Amanhã de manhã

Onde será cremado

No cemitério dos Olivais

Sei

Que por lá encontrarei

Alguns dos seus descendentes

Que o assassinaram...!

Que lhes direi eu amanhã...?

Nada de nada

Meus queridos Amigos

Dar-lhes-ei aquele fraternal abraço

De condolências

Do jogo social do Faz de Conta

Engrossarei assim as fileiras

Das gentes assassinas

Com a conivência do meu silêncio

E as Autoridades

Civis

Religiosas

Que dirão

Nada de nada meus Queridos Amigos

Só porque este género de ato

Nunca foi nem será considerado crime

(...)

Como sou um Homem Feliz

Porque meus descendentes

Jamais seriam capazes

Deste gesto horrendo

Para este Crime Perfeito executar

Não por medo

Mas sim por Amor a seu Pai

 

Marcolino Duarte Osório

- Peregrino -

2010-07-25

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 23:39
sinto-me: Um ser totalmente Feliz...!

22
Jul 10

Os Dias de...

Sempre tive

Uma certa dificuldade

Para entender estas modernices

Dos Dias de Qualquer Coisa...

O Dia do Natal

Desde pequenino que me ensinaram

Se desejava receber prendinhas

Do Menino Jesus

Do Pai Natal

Dos Pais

Dos Irmãos

Dos Amigos

Teria que muito bem me comportar

O dia da Páscoa

Mesa cheia

Mesa farta

Toda a família reunida

Numa algaraviada de manhã à noite

Dia dos anos

Eita pá

Uma grande festa

De se lhe tirar o chapéu

Família comemorando

Coadjuvada pelos amigos

Montes de prendinhas

Muitas delas em grupo

Dia da Mãe

Para que as nossas Mães

Tenham um dia descansado

Vamo-nos refastelar num Restaurante

Onde outras Mães Escravas

Cozinham para as nossas privilegiadas

Dia do Pai

Tal-qualmente acontece

No dia Da mãe

Uns têm o direito de ser Pai

Outros nem sequer dão por este dia

Novos dias surgem

Pelo nosso dia-a-dia

Já existe o Dia dos Namorados

Passou a existir o Dia do Amigo

Passará a existir também

O Dia dos Casais Divorciados

O Dia dos Órfãos e Abandonados

O Dia dos Viúvos

Até chegarmos seguramente

Ao Dia Do Dia das Comemorações

Quiçá Dia Dos Dias...

Estamos assim tão falhos de Afetos

Que necessitemos destes auxiliares

Para que nada caia

Naquela rotina do Esquecimento

Ou será que dar e receber Afetos

Se tornou numa vulgaridade evitável...

 

Marcolino Duarte Osório

- Peregrino -

2010-07-22

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 06:32
sinto-me: Apanhado pela Engrenagem...

20
Jul 10

Mas que saudade...

Tenho mesmo vontade de gritar

Dizer em versos desrimados
Que Angola é minha terra linda
Terra  mais linda que Mulher
Com olhos grandes e amendoados

Olhos meigos e inteligentes
Com sorriso aberto e verdadeiro
Ar simples descomprometido
Aquele ar de braços abertos

Que nos abraça de saudade

Quando seu amado vem de longe
Angola Alma grande para lá aos Céus
Que nos dá ordens para regressarmos
Que nos escreve suplicante

Como Irmã mais Velha dos Angolanos
Que nos faz parar de andar a toa
Meios  perdidos no Kalunga
Aquele Kalunga dos nossos sentimentos
Umas vezes com kalemas
Nas outras de mar adormecido
Quantas vezes hanharas do Namibe
Com welvitchias e Cabras Leque
Namibe das areias ferventes
Enquanto o Rei Sol
Aquece os pastores mukankalas
Namibe das noites gélidas
Onde nem cobras nem lacraus
Gostam de andar ao Luar
Mas como não aguento mais saudade
Aqui lhe deixo minha mukanda

Tô ficando velho e cansado demais

Para te rever de como eu gostava

Beber de novo água do Bengo

Comer sange com pirão e dendê

Acompanhar com katembe sempre

Fazer amor até mais não poder

Mesmo nas outras noites sem Lua-cheia

 Angola que me ficou no sangue

Terra das minhas saudades

Mãe dos meus amores de jovem!

 

Marcolino Duarte Osório

- Peregrino -

2010-07-20

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 00:46
sinto-me: de coração saudade...!!!

15
Jul 10

Lavoisier...

 

Chegou à conclusão

Que nada se cria

Nada se perde

Tudo se transforma

Vida fora

Venho observando

Transformações radicais

Umas

Maquinadas por mentes perversas

Postas em prática por mãos humanas

Outras

Sonhadas por gente de bom senso

Postas em prática por mentes sãs

Onde quase nada podia existir

Tranquilamente abriram-se espaços

Plantaram-se flores

Cobriu-se o chão com relva

Aqui e ali árvores para nos acolher

Cómodos bancos de jardim apareceram

Em zonas claras e estratégicas

Deixaram que o tempo desta novidade

Passasse a cansativo hábito

Logo logo apareceram

Algumas mentes incomuns

Arrasando tudo inequivocamente

Sem deixar pedra sobre pedra

Para que ficassem sem nada

Das tais coisas bem sonhadas

Pelas gentes de bom senso

O comum dos mortais

 

Marcolino Duarte Osório

- Peregrino -

2010-07-15

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 07:52
sinto-me: um iluminado...!

13
Jul 10

Destruir por destruir...

 

É o que se me oferece

Observar

Ler e escutar

Sobre Cristiano Ronaldo

Não é

Se esta moda pega

Porque infelizmente

Esta moda já pegou

Está de pedra e cal

Como Instituição Nacional

Destroem-se cirurgicamente

Seres humanos

Agregados familiares

Famílias inteiras

Com a cegueira da maldade

Arremessando

Letra a letra

Palavra a palavra

Frase a frase

Artigo a artigo

Sobre gente indefesa

Cujo único defeito

É terem nomes sonantes

Que possam alimentar

Em tempo de crise económica

Os grandes negócios

Da compra e venda

Dos Órgãos de Comunicação Social

Destruir por destruir

É o que se me oferece observar

Assim sendo

Candidamente meus filhos e netos

Aprendem em jornais e revistas

Aprendem em telejornais e entrevistas

A nova e Institucional Arte

De Destruir por Destruir

Mas de Bem Destruir

Para que não fique pedra sobre pedra

Porque

Dividir para Reinar

É faca de dois gumes

Hoje destróis tu

Amanhã

Alguém te destruirá...

 

Marcolino Duarte Osório

- Peregrino -

2010-07-13

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 06:55
sinto-me: extremamente preocupado!

Eu Nasci...

 

Para uma nova Vida

Desde que me entreguei

Nas mãos de Deus

Através do Seu Anjo

Sempre

Mas sempre presente

Noite e dia sem parar

Guiando-me pelo melhor

Sem que me possa magoar...!

 

Marcolino Duarte Osório

- Peregrino -

2010-07-13

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 03:48
sinto-me: um bem nascido...!

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