Viver sozinho...
Vai-nos mostrando dia-a-dia
Que amanhã seremos bem mais fortes
Daquilo que ontem e hoje fomos
Há 12 anos decretei ficar neste estado
Uma vez que achei por melhor
Fazer ver a mim mesmo
Que sempre fui bem mais forte e seguro
Daquilo que me poderia imaginar
Tive que enfrentar a sós
Uma série de calúnias que me foram dirigidas
Venci e saí altamente reforçado
Tive que enfrentar a sós
Fortes dificuldades económicas caídas do céu
Venci e saí altamente reforçado
Tive que enfrentar a sós
Fortes dificuldades da minha doença nos olhos
Venci e saí altamente reforçado
Tive que enfrentar a sós
Cancro no intestino delgado e no nariz
Venci e saí altamente reforçado
Anteontem depois do jantar
Sentado a ver televisão
Fui acometido de uma dor profunda no peito
Levantei-me
Senti-me empalidecer
De nada mais me recordo
Não sei quanto tempo depois acordei
Deitado de costas no chão
Corpo gelado
Passei minhas dormentes mãos pelo rosto
Sentia-o gelado e dormente como uma placa de cortiça
Tentei levantar-me
O que me foi impossível fazer
Disse cá para comigo
Não entres em pânico
Não embarques nesse comboio do desespero
Tinha ainda pendurado ao pescoço o telemóvel
Rastejei até à porta de entrada
Puxei o cordel preso ao manipulo
Deixei que a porta ficasse entreaberta
Carreguei na tecla 2 do meu telemóvel
De imediato fui atendido pelo INEM
Desfeitas certas dúvidas
Chegaram em menos de 10 minutos a mim
Fui socorrido
Fui levado para as Urgências
Fiquei em Observação
Hoje ao final do dia regressei a minha casa
Sinto-me fraco e dorido
Mas também me sinto altamente feliz
Porque tive que enfrentar tudo isto a sós
E mais uma vez venci e saí altamente reforçado
Este ano foi a melhor prenda de Natal que tive
Viver sozinho
Vai-nos mostrando dia-a-dia
Que amanhã seremos bem mais fortes
Daquilo que ontem e hoje fomos
Quem vive sozinho seja porque motivos forem
Não merece ser digno de comiseração
Porque foi e será eternamente
Aquele Ser Escolhido e designado por Deus
Para nos mostrar a todos
Que o nosso Bom Deus
Jamais abandonará quem assim vive livremente
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2010-12-19