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Dez 10

 

Dialogando com as Pedras...

 

Sim é uma aventura fantástica

Perguntar a cada pedra do passeio

Que estórias nos sabem contar

Calcorreando as calçadas empedradas

Vou olhando disfarçadamente

Cada uma das minhas pedras preferidas

Dia a dia a cada uma delas lhes pergunto

Sobre algo de interessante

Uma foi jogada com tanta força

Sobre a cabeça de um homem

Das mãos de um meliante ladrão

Que o matou

Impotente a pedra se quedou por ser pedra

Por não poder falar

Pois se pudesse contar à Policia

Logo logo teriam descoberto tal criminoso

Outras me foram contando matreirices

Dos meninotes daquele bairro

Escondidos atrás das árvores

Jogavam as pedras sobre os vidros dos carros

Riam-se muito depois fugiam para casa

Por ali andava meio mundo em busca dos malandros

Mas como as pedras não podiam falar

Lá ficava mais este crime por desvendar

A tantas quantas eram as prostitutas

Me iam contando em verso os seus dramas diários

Dramas famintos por serem dramas de gente de fome

Dramas de dor por serem dramas de gente sofrida

Em cada uma destas pedras poetisas de boca calada

Existiam manchas de sangue invisível

Muitas

Mas mesmo muitíssimas

Eram dramas ensanguentados lavados pelas lágrimas

Das loucuras das agressões físicas a que foram sujeitas

Pelos chulos proxenetas e clientes ávidos em agredir

Estas pedras dramaticamente impotentes para as proteger

Serviam de leito temporário quando eram jogadas ao chão

Soluçantes

Punhos cerrados batendo nas pedras quedas e mudas

Dedos fincados arranhando as pedras indiferentes à sua suplica

Por serem pedras dramaticamente impotentes para as proteger

Eram mais os dramas do que as alegrias

As alegrias poucas se festejam nas ruas as restantes em casa

Os dramas esses expõem-nos a todos pelas Ruas da Amargura

 

Marcolino Duarte Osório

- Peregrino -

2010-12-08

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 09:02
sinto-me: a oerecer-te esta flôr...!

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