Das minhas Memórias...
Num repente soltou-se-me
Uma daquelas ainda bem presentes
De um Padre Carmelita
Com quem privei de muito perto
Alto magro e ágil
Simbolizava a meu ver e sentir
Aquele Ser Humano
Escolhido e Designado por Deus
Para habitar neste Planeta de Contrastes
Dando as mãos ao seu semelhante
Ainda jovem Padre
Fazia seus estudos finais em Espanha
Quando rebentou a Guerra Civil
Tendo sido capturado pelos revoltosos
E com muitos civis
Foi enviado para um campo de concentração
Ágil como sempre foi
Não se limitou a ficar de mãos e pés atados
Resolveu formar um grande grupo
E com eles abalar dali para fora
Em busca de salvação para os restantes
Lestos mas azarados
Logo foram capturados
Encostados a uma grande parede
Para serem fuzilados
Sem dó nem piedade
Caladas as armas
O silêncio da Morte ali passou a reinar
Do meio dos mortos este Carmelita
Atingiu aquilo que Deus desejou
Soergueu-se
Ajoelhou-se
Benzeu-se
E mesmo ali naquele campo de Morte
Orou a Deus agradecendo-Lhe
O ter-lhe sido poupada a vida
Conheci-o pessoalmente
Tinha um Carisma muito dele
Acabou os seus dias
Num Hospital Pediátrico de Portugal
Zelando com carinho as Crianças Doentinhas
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2011-01-03