Estou-me nas tintas...
Estou-me nas tintas
Para quem me infernizou a vida
Colocou este Belo Portugal de cócoras
Mãos estendidas à mendicidade
E agora ainda acusa quem não deve
Dos desmandos seus cometidos de cátedra
Estou-me nas tintas
Porque me deixei de viver de cenho franzido
Perante as insolúveis problemáticas nacionais
Cuja solução nunca esteve nas minhas mãos
Estou-me nas tintas
Porque passei a dar mais atenção a mim mesmo
Saboreando os pequenos prazeres do quotidiano
O prazer de cozinhar para mim mesmo
O prazer de escutar música pelo meu MP3
O prazer de me sentar aqui e ali saboreando um café
O prazer de passear a pé e de autocarro
O prazer de caminhar descalço pelas areias douradas
O prazer de ver diariamente o nascer deste sol risonho
O prazer de olhar diariamente o seu ocaso multicolor
O prazer de me deixar molhar pelas chuvas primaveris
O prazer de pegar na minha máquina digital
Incansável calcorrear léguas diárias captando o belo do Mundo
Pelo prazer do prazer em saborear as coisas simples
Com todo o meu prazer estou-me nas tintas...!
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2011-04-30