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Jan 12

 

De um estendal…

 

De um estendal, daqueles meio desengonçados, em que, de vez em quando, caem peças de roupa, sem pedir licença, a quem por baixo, suas roupas, estende.

 

Suspendia eu, umas calças de fazenda, quando sinto nas minhas costas, algo molhado, mas demasiado leve. Endireitei-me. O que havia poisado nas minhas costas, para o chão da cozinha deslizou. Rodei meia volta e sorri-me com espanto!

 

Oh gente, o milagre acontecera, o fio dental, bem escarlate, da minha doce vizinha, entrara-me portas adentro.

 

Com ar vitorioso, peguei em tal escarlate trofeu, tomei-lhe o peso, estiquei-o e logo, logo a imaginei de cintura finíssima, glúteos redondinhos, qual diva dos meus sonhos, quando à sua porta se me assomasse, para lho entregar, solicito…

 

Preparava-me para sair. Eis que tocam à minha porta. Abro-a, de mansinho, com o meu melhor sorriso, desejando surpreender, com toda a minha simpatia, a minha querida vizinha.

 

- Bom dia, vizinho…!

 

Era, nem mais nem menos, que o magrelas do andar acima, do da minha diva, com a sua vozinha de travesti, a perguntar-me pelo seu fio dental

 

Não perdi a compostura, mantive-me sorridente, lá lho entreguei, sem me desarmar.

 

Despediu-se com um Deus lhe pague com muita saúde, respondi-lhe, não à letra, mas com um Deus lhe pague com muitíssimo juizinho.

 

De cada estendal, deste meu prédio, ele há surpresas inolvidáveis. Umas já são do meu conhecimento. Outras vão-se-me desvendando…

 

 M. Osório

-Peregrino-

2012-01-16

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 11:43
sinto-me: a sorrir, com prazer...!!!

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