Amanheceu feliz...
Amanheceu feliz
Deitei contas à vida
Resolvi dar uma volta pela baía
Aparelhei meu velho e cansado veleiro
Arrastei-o até às mansas águas
Empurrei-o e logo me icei a bordo
Veleiro de uma só vela
Veleiro de um só passageiro
Com ele muita coisa vivi
Com ele aproei ao nascer do rei sol
As brisas matinais ainda mansas
Sopravam devagarinho sobre a vela
Enfunando-a
Sem fazer adornar o meu velho veleiro
Mansamente deslizou pela baía
O chapinhar das pequenitas ondas matinais
No velho e cansado casco do meu veleiro
Chamavam devagar pelo meu acordar
Porque o sol se ia elevando
Quente de mais
Que prometia um cáustico dia de verão
Regressei a onde partira
Baixei a vela mestra
Deixei o velho veleiro repousando
Sobre as ainda frescas areias da nossa baia
Mais acordado
Lavei-me e saboreei um principesco pequeno-almoço
Meti pés a caminho
Rumei ao meu escritório ali por perto
De cada quintal soavam os bons-dias da canzoada
Subi ao primeiro andar
Abri a minha janela favorita
O quente sol espreitou para dentro dos aposentos
Trazendo com ele uma alegria bem diferente
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2012-11-25