Fins-de-semana no Feminino...
Fins-de-semana no feminino, nunca foram fins-de-semana, distraídos com leituras, escritas, pequenos passeios, dentro e fora da cidade, em fim, um preencher de tempo desejado livre, desde que se acorda até altas horas da noite.
Uma amiga bloguista, plena de boas intenções, ao sugerir a quem a lê, maioritariamente um público no feminino, leituras e passeatas, fez-me recuar aos tempos idos em que eu via minha mulher, depois de uma semana exaustiva, como professora, às voltas, num corrupio, cantarolando sempre, limpando a casa, lavando as roupas dos filhos e as nossas, mudando os lençóis das camas, preparando almoços, em fim um não acabar de actividades domésticas que lhe preenchiam os fins-de-semana.
A seu pedido, eu pegava nas minhas duas filhas, e levava-as a passear, para deixarmos a mãe de família, fazer as coisas na sua santa paz e sossego.
Após o jantar. noite alta, já com as filhotas nas suas camitas, cansadas das brincadeiras de fim-de-semana comigo, ficava-mos ambos a olhar uma televisão, que debitava sons a torto e a esmo, que se iam tornando cada vez mais inaudíveis.
A nossa conversa ia amolecendo, até que ela acabava por adormecer encostada ao meu ombro e agarrada a um dos meus braços.
Isto era assim, muitíssimo bom, dizia ela, porque nos fins-de-semana em que isto podia acontecer, era porque não tinha pontos para «ver», nem relatórios para fazer.
Como ela, centenas de milhar de mulheres, exercendo profissões demasiado absorventes, são confrontadas com uma multiplicidade de tarefas, profissionais e domésticas, sem esmorecer.
Felizes daquelas mulheres que podem, e sabem usufruir, de um sábado e de um domingo, sem estas duas tarefas, apenas para si mesmas, fazendo algo de diferente, para deixarem de se sentir esmagadas!
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2009-09-21