Alta e bem esguia…
Encostou-se ligeiramente a mim
Como que me solicitando
Toda a minha ajuda
Para aquela sua primeira vez
De Prostituta de Cabaré
Dedos
Nervosamente enlaçados nos meus
Descemos as calçadas das nossas vidas
Ela prenhe de ansiedade
Quiçá eu imaginando-me
Dono e senhor de tão bela beldade
Nem seus novos sapatos acetinados
Um modelo de sonho de salto bem alto
Que lhe emprestavam pernas mais longas
Conseguiam dar-lhe aquele brilho especial
Que tanto desejava mostrar e sentir
Para esta sua primeira vez
Fazendo-a vacilar pelo empedrado
Das nossas Calçadas à Portuguesa
Ora entalando um salto aqui
Ora quase escorregando
Pelo luzidio das pedras gastas
De tantas e tantas prostitutas
Por ali se passearem
Em busca de tudo aquilo
Que de suas terras lá de longe
Bem de longe as moveram em
Busca de bons mercados
Para com os seus nobres corpos
Usufruírem bons trocados
E aos seus filhos quiçá pais também
Melhores dias lhes proporcionarem
Desnudou-se à minha frente
Rejubilei de alegria
Porque aquele belo corpinho
Alto e esguio em breve estaria
Dentro de uma alcova
Gemendo de prazer
Tremendo de luxúria
Quiçá nobres odores invadiriam
Aquele modesto quarto de aluguel à hora
Corpos desnudos
Olhamo-nos de alto abaixo
Sentou-se a meu lado
Suplicando com seu lindo olhar
Benemerência paciência
Quiçá um pouco de humanidade
Para quem dest’arte ancestral
De se venderem corpos sem amor
Seria uma sua primeira aventura
Foi então que num lampejo
Me imaginei em situação igual
Quando fui pela vez primeira
A uma casa de prostitutas
Todas elas bem mais velhas que eu
Mas artistas no saberem brincar
Aos amores a metro com Fados Vadios
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino –
2009-10-30