Alentejo…
Alentejo
Planícies imensas
Douradas pelo cáustico Sol
Que de Verão
Queima a tez do seu povo trabalhador
Que de Inverno
Não chega para aquecer as suas carnes
Que de Primavera
Os iludem com Sol de brando aquecer
Diariamente dobrados de foice em punho
Mondando as ervas daninhas do seu bom Trigo
Os solidarizam diariamente nas noites geladas
Passadas ao relento corpos cansados e magros
Aconchegados uns aos outros resguardando-se
Num ganha-pão diário duro de roer
Que lhes dá a coragem de grandes Seres
Que lhes torna a mente arguta e o espirito manso
Solidários como a outros povos nunca se viu
Alentejo
Verdadeiro alfobre de gente inteligente
Nunca independentes por terem sido escravizados
Alentejo
Gente de bondade imensa
Gente de rosto sulcado de rugas de tanto sofrer
Gente de sorriso aberto
Onde não se distingue o sofrimento da sua alegria
Alentejo
Planície de um povo bravo e hospitaleiro
Amigo que protege o seu amigo
Qual sombra de chaparro nos dias de canícula
Alentejo
Terra de gentes solidárias
Terra de quem sabe querer parar de sofrer
Terra de quem luta pela sua liberdade
Terra de nómadas assalariados
Que tudo tratam mas nada de seu possuem
Que ao chorar de tanto sacrifício
Suas lágrimas secam antes de tocarem o solo
Alentejo
Planícies imensas pejadas de latifúndios
Povo escravo dos latifundiários
© M. Osorio
- Peregrino -
2012-06-05