Amas Gémeas...
Encontraram-se
Olharam-se
Sentiram aquele clique
Digno das Almas Gémeas
A Alma dele sentiu-se acordada
A Alma dela tremelicou as pestanas
Ambas as Almas se deram a conhecer
Juntaram-se ternamente
Fizeram múltiplas juras de amor
Tal foi a sua Força de Amar
Que três lindas Alminhas deles nasceram
Aquelas três Alminhas iam crescendo
Cuidadas diariamente
Quer pela Alma dele
Quer pela Alma dela
As Alminhas iam amadurecendo
Crescendo em abundância de afetos
Todas as três seus novos Caminhos seguiram
Um dia
A Alma dela chegou a casa meio exausta
Papeis desalinhados numa das mãos
Nem um beijinho à Alma dele se lembrou de dar
Entregou-lhe todos os papeis atabalhoadamente
Para que a nobre Alma dele os lesse e assinasse
A Alma dele ficou perplexa com o que lia
Virou-se para a Alma gémea e perguntou-lhe
Oh meu amor feita Alma Gémea da minha
Que te deu para de mim te divorciares
A Alma dela
Olhando-o com a franqueza de gente medrosa
Respondeu-lhe que que se havia enganado
Finalmente havia descoberto
Que a Alma dele não seria assim tão gémea da dela
Por isso pegando em armas e bagagens
Resolveu mudar-se para outras bandas
Deixando toda uma vida de mentira
Que até ali havia levado
Com a bondade e conivência da sua Alma Gémea
Os anos passaram lestos
Hoje encontrei a Alma que protagonizou esta história
Convidei-a a tomar um café sentados à beira-rio
Falou-me de si e dos netos
Disse-lhe de mim e de todo o meu trajeto
Que a meio do meu percurso resolvera mudar de trem
Porque bem vistas as coisas com a fome de liberdade
Com o meu casamento nunca me havia dado lá muito bem
Ela riu-se
Tremelicou muito as pestanas
Senti-me audaz
Convidamo-nos de olhares profundos um no outro
A desfrutar uma noite de frio Inverno
Manhã cedinho mal acordei dei comigo sozinho
Mas num quarto que não era o meu
A meu lado apenas um lugar vazio e perfume de mulher
Um bilhete jazia em cima da almofada a meu lado
Coloquei os óculos
Pensativo li-o entristecido
Passei pela receção para pagar a conta
Estava já saldada
Apanhei um táxi rumo a casa meio pensativo
Olhando vagamente a paisagem que deslizava a meu lado
Uma voz de mulher perguntou-me
É aqui que o senhor fica...
Aquela voz era-me familiar
Acordei sobressaltado
Abri novamente os olhos
Afinal nem tinha saído de casa na véspera
Adormecera na sala de estar
E acabei por sonhar com esta estorinha
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2011-01-13