O meu Avô José…
O meu Avô José
Era um homem muito grande
Era um homem de mãos enormes
Mão calejadas de Maquinista
Quando em mim pegava ao colo
Sentia-me seguro
Lá de muito alto da sua altura
Eu olhava tudo de lá cima cá para baixo
O que me fazia sentir ainda mais igual a ele
O meu avô era muito forte
Ele era possante
Tinha muita força mas era sempre meigo
Quando podia viajar com ele
Entre duas estações a meio da viagem
Meu pai levava-me até à grande locomotiva
Para aí
Ao colo do meu Grande Avô
Me deliciar com as paisagens africanas
Apanhar na carita aquele ar fresco da manhã
Contrastante com o calor abrasador da locomotiva
Olhar a medo quando a enorme porta da fornalha
Era aberta para ser abastecida de lenha
Lá de dentro saíam fagulhas e uma grande luz alaranjada
O calor era enorme
Os ferros da locomotiva estavam tão quentes
Que minhas pequenas mãos não gostavam desse calor
Quando chegávamos à paragem seguinte
Dava-me sempre um beijinho
E ao seu filho me entregava
Era um grande contador de histórias
Não das da gata Borralheira
Mas deliciosas histórias inventadas por ele
À mesa lá em casa e em família
Comíamos boa carne de caça
Boas sopas alimentícias
Peixe e carne igualmente cozinhadas pela minha Avó
Meu avô era aventureiro moderno e sempre actual
Um dia já eu tinha 16 anos
Resolveu experimentar andar na minha motorizada
Ambos riamos à gargalhada estava a ser uma festa
De tal modo nos fizemos notados
Que minha Avó apareceu de vassoura no ar
Gritando para ambos
Oh José e Marcolino parem com isso
É mais maluco o velho do que o neto
Deus vos dê juízo até à hora da vossa morte
Quando o meu Avô José faleceu
Dentro de mim ficaram gratas recordações
© M. Osorio
- Peregrino -
2012-03-06