Tomei Café com a Morte...
Tomei Café com a Morte
Tive que enfrentar a Solidão
Quando adoeci com Câncer
Dia e noite sem parar
As dores e os medos imperavam
Foram duas operações delicadas num ano
Foram dias passados em desespero
Foram os efeitos secundários da quimio
Foram idas e regressos ao Hospital
Utilizando Autocarros e Metropolitano
Já que ninguém boleias me dava
Nem família
Nem amigos
Nem conhecidos
Nos intervalos das dores e da quimio
Tomei Café com a Morte
Porque ninguém comigo queria saborear um café
As noites eram passadas em completa insónia
As manhãs em terríveis maquinações
As tardes em soluços convulsivos
Nos intervalos das Noites das Manhãs e das Tardes
Tomava Café com a Morte
Porque ninguém comigo um café queria saborear
Nem família
Nem amigos
Nem conhecidos
Estava entregue a mim próprio por ninguém me amar
A Morte sim
Acompanhada dos seus acólitos
As dores e os medos
Estava ali sempre presente dia e noite sem parar
Tão duramente cega quase me segando a Vida
A minha amada Vida
De passado bem longe
De presente duramente envenenado
De futuro altamente duvidoso
Finalmente veio o veredicto final
Fora dispensado por Deus e seus Anjos
De tomar Café com a Morte...
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2011-09-12