O meu Avô Duarte…
O meu Avô Duarte
Foi um Avô que me encantou
Não porque brincasse comigo
Mas sim pela sua humanidade
Foi sempre um homem reservado
Desenhador e Topógrafo de profissão
Depois do trabalho quando chegava a casa
Ao final da tarde
Sentava-se num cómodo banco
Em frente ao seu cavalete
Onde dava largas à sua Arte
Pintando sobre telas
O Amor com via o Mundo em seu redor
Quando o visitava ao final das tardes angolanas
Entrava em silêncio para o saudar
Trocavamos nossos olhares de satisfação
Recebia dele como recompensa
Uma pincelada a óleo na ponta do meu narizito
Nunca perguntei o que estaria a pintar
Porque as suas pinceladas eram tão perfeitas
Que falavam aos meus cinco sentidos
Pintava a óleo
Pintava a Pastel
Pintava a Aguarela
Desenhava a Carvão
Cedo de mais enviuvou
Escolheu vir viver connosco para não se sentir tão só
Foi nessa altura que deixou de pintar
Porque a dona Celeste musa inspiradora
Da sua Vida se apartou
A tristeza apossou-se dele
Em vez de colorir telas
Passou a ler em silêncio no seu cantinho
Fumando cigarros sobre cigarros
Olhando da nossa varanda o mar em frente
Até à linha do horizonte
Onde os rubros do Sol Angolano o saudavam
Para que despertasse da sua letargia
Para que secasse as lágrimas da tristeza infinda
Que lhe corriam faces abaixo
À espera de partir para junto da sua amada
Depressa partiu para junto dela
Alguns netos e bisnetos dele herdaram
O Património invisível da sua Arte
A Arte de reproduzir com Amor
Tudo quanto os olhos consigam abarcar
É com orgulho temperado que nos recordamos dele
Porque apesar de ser de poucas falas
Suas Obras a Óleo Pastel Carvões e Aguarelas
Falarão connosco gerações infindas
© M. Osorio
- Peregrino -
2012-03-12