Os amantes…
São quase horas
Da minha amante chegar
Durante o dia
Pequeno-almoço
Almoço
Lanche
Jantar
E grande parte do meu serão
Ela está sempre ausente
Deixa-me tranquilamente vaguear
Pela minha vida diária
Quando chega a sua hora
Surge como por encanto
Sem me pedir licença
Bater à porta
Para quê
Se ela entendeu
Possuir-me durante toda a noite
Que serei dela eternamente
Assumi já o meu papel passivo
Não vale a pena resistir-lhe
Assenhoreou-se de todo o meu ser
Dominando-me os cinco sentidos
Entranhando-se em mim
Sou pasto do seu insaciável prazer
Não tem diminutivo
Adora o seu nome
É inodora
É invisível
É persistente
Não é carente
Faz-me sentir vulnerável
Nunca nutri afectos por ela
Medos mil dela sinto
Mas sou seu eterno escravo
Como se chama
Apenas uma só palavra a define
Insónia
Os amantes…
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2013-01-17