Um fim de semana ... lá muito longe...
Um fim de semana ... lá muito longe
Bem longe de Portugal
Bem dentro da minha terra natal
Acordava manhã cedinho
De calções mais que usados
Descalço e sem camiseta
Ia buscar as minhas linhas de pesca
Um balde de zinco
Enfiava na cabecita meu velho chapéu de palha
Corria da porta de casa para a praia
Empurrava meu barco de bimba para a água
Entrava satisfeito da vida
E remava até junto ao farol da barra da baía
O sol subia no céu azul
O calor começava apertar
Ia molhando as costas com a água do mar
E quando o calor era demais entrava de mergulho
Nas águas cristalinas e frescas da Baía do Lobito
As horas iam passando
Os peixes pescados com linha e anzol
Saltitavam dentro do balde de zinco
Quando o Sol estava quase na sua casa mais alta
Arrumava meus apetrechos de pesca
Dava mais um mergulho para refrescar
Pegava nos remos e remava de novo até a minha praia
Vinha sempre alguém ajudar a por o barco em seco
Minha mãe esperava na porta do quintal do mar
Com ar meio preocupado
Mas quando me via contente e sorridente
Aos pulos com o balde de zinco mais pesado que eu
Me perguntava
Que apanhaste hoje
Mãezinha pesquei Roncador, Garoupa e 2 Pargos Mulatos
Mamãe me abraçava beijava meu rosto de menino
Dizia preocupada
Ai o meu menino que está quente demais e cheio de sal
Já dentro do nosso quintal abria a mangueira da água doce
Tomava um banho com sabão de lavar a roupa
Vestia um calção seco e uma camiseta lavadinha
Ia trepar naquela Acácia Rubra bem grande
Ficava por lá a sonhar que era o Tarzan dos filmes
Quase que adormecia deitado sobre um dos ramos
Estava cansadito e com muita fomeca por causa da pesca
Peregrinito vem para a mesa que o teu pai já lá está
Descia num ápice e corria até à mesa de almoçar
Beijava meu paisocas ele retribuía com ar maroto
Uma vez sentados meu Pai me perguntava preocupado
Para onde foste pescar
Para a boia da entrada da baia
Aí é muito perigoso
Mas pai hoje estava a dar Pargo Mulato que tanto gostas
Viste algum Tubarão
Com sorriso lhe dizia
Não ... nem um
Estavam todos na Missa da Senhora da Arrábida
Tem cautela contigo que a tua carne é tenrinha...
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2011-05-21