Certas Velhas Vips...
Certas Velhas Vips
É vê-las ao cair da noite
Sair de casa aperaltadas
Dentro de ricos vestidos emprestados
Caras embelezadas com plásticas à borla
Lábios polpudos à moda de escarlate pintados
Descaídos num dos lados
Por tanto cigarro queimado ali dependurarem
Aqui e ali e acolá se dirigem para se alimentarem
Em jantares de sociedade dos novos colunáveis
Por conta recebendo também alguns pagamentos
Pelas suas destacadas presenças outrora joviais
Junto aos ambiciosos novos e decadentes colunáveis
Que junto a estas velhas buscam alguma fama e alimento
Para os seus paupérrimos e excêntricos egos
Depois ao raiar do dia
É vê-las regressar às suas habitações
Mais cansadas do que nunca nos seus desolados quartos
Despedem-se das roupas emprestadas
Depois de tirarem os seus corpetes inteiros
Que lhes adelgaçaram o corpo e ergueram seus peitos
Olham-se ao espelho desfeitas em lágrimas pesarosas
Por verem seus antigos e belos corpos
Readquirirem as suas formas atuais e verdadeiras
Cansadas de uma noitada eternamente espartilhadas
Deitam-se chorando de mansinho nas suas solidões
Porque aquilo que já foram cada vez o serão bem menos
Resta-lhes depositarem os cheques recebidos
Como recompensa das suas eternas e idiotas presenças
Dormem de dia em vigília com sonos entrecortados
Aproveitando almoçar os restos trazidos das festas
Anicham-se de novo em pobres lençóis até o sol desaparecer
Para mais tarde se ferirem na ronda das festas dos colunáveis
Tal-qualmente pescadinhas rabo na boca...
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2011-10-25