12
Set 11

Tomei Café com a Morte...

 

Tomei Café com a Morte

Tive que enfrentar a Solidão

Quando adoeci com Câncer

Dia e noite sem parar

As dores e os medos imperavam

Foram duas operações delicadas num ano

Foram dias passados em desespero

Foram os efeitos secundários da quimio

Foram idas e regressos ao Hospital

Utilizando Autocarros e Metropolitano

Já que ninguém boleias me dava

Nem família

Nem amigos

Nem conhecidos

Nos intervalos das dores e da quimio

Tomei Café com a Morte

Porque ninguém comigo queria saborear um café

As noites eram passadas em completa insónia

As manhãs em terríveis maquinações

As tardes em soluços convulsivos

Nos intervalos das Noites das Manhãs e das Tardes

Tomava Café com a Morte

Porque ninguém comigo um café queria saborear

Nem família

Nem amigos

Nem conhecidos

Estava entregue a mim próprio por ninguém me amar

A Morte sim

Acompanhada dos seus acólitos

As dores e os medos

Estava ali sempre presente dia e noite sem parar

Tão duramente cega quase me segando a Vida

A minha amada Vida

De passado bem longe

De presente duramente envenenado

De futuro altamente duvidoso

Finalmente veio o veredicto  final

Fora dispensado por Deus e seus Anjos

De tomar Café com a Morte...

 

Marcolino Duarte Osório

- Peregrino -

2011-09-12

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 11:56
sinto-me: um vencedor bem feliz...!!!

17
Fev 11

Imagens recolhidas na Internete

 

Opções de Vida...

 

Aconteceu que, um dia do meu passado, nem recente, nem longínquo, resolvi não escravizar as minhas filhas, optando por viver sozinho, sem aquelas ajudas extras que só elas me saberiam dar, refiro-me aos afetos e aos miminhos...!

 

Além dos afetos e dos miminhos, que mais me poderiam proporcionar?!

 

A sua companhia? Se não estivessem afazeres profissionais seria um caos diabólico, tê-las sempre a meu lado, como se fossem animais de estimação...!

 

Tratarem de mim, quando ainda sou autónomo e independente? Seria o cúmulo de uma exigência esclavagista por parte de quem nunca desejou ser escravizado...!

E..., quando chegar a altura de ter que optar pela assistência de terceiros, então recorrerei aos Serviços especializados, de Organizações Filantrópicas, dedicadas ao apoio domiciliário, às pessoas que estão a viver sozinhas.

 

Ah, mas assim vives em solidão, argumentarão todos aqueles que me leem!

Se observarmos bem as coisas, intelectualmente estou sempre ocupado como nos ensinam as boas regras sanitárias, para se retardarem os efeitos Alzheimer.

Gosto de ler, quem como eu, também gosta de escrever na Internet sem estar atado, nem atido, aos rodriguinhos da língua portuguesa, mas que gosta de se fazer entender, passar com simplicidade, em poucas palavras, a positividade da sua experiencia de vida, para que outros, possam olhar-se bem melhor, sair do casulo dos seus medos, daquilo a que sempre chamei, de socialmente incorreto...!

 

Gosto de sair à rua, olhar tudo aquilo que me rodeia, como quem olha um lindo Ser Humano, que gosta de se cuidar, por se sentir bem assim!

 

Gosto de usar a minha maquineta de fotografia digital porque, a maioria das vezes, deparo com coisas diferentes, que me chamam à realidade de tudo aquilo que me rodeia, me desperta aquele saboroso prazer, de poder fixar em imagens, certas nuances da Mãe Natureza, publica-las, sem fins lucrativos, pela pura alegria de antever, o prazer de outros, que olharão as fotografias, saboreando-as, despertando, em todos eles, a vontade de fazer igual, ou mesmo bem melhor...!

 

Gosto de tratar de mim. Gosto de me mimar, comprando algo, de acordo com a minha bolsa, que me possa fazer sentir retumbante, nem que seja uma flor, colhida na berma do caminho de casa!

Gosto de usar roupas largas, nunca desejei sentir-me espartilhado.

Gosto de caminhar.

Gosto de escrever.

Gosto de fotografar.

Gosto de palrar.

Gosto de cumprimentar, quem re-encontro, nas minhas caminhadas diários.

Gosto de olhar uma criança de colo.

Gosto de observar os jovens, recordar-me de que também o fui, mas demasiado contido, em relação à atualidade, porque era assim naquela altura.

Gosto de cozinhar os meus pratos favoritos, e quando faço a mais, gosto de os partilhar com os vizinhos mais chegados.

Gosto de olhar uma bonita mulher, bem feita, mais nova que eu, pensar para com os meus botões, que se fosse mais novo, não hesitaria em namorar com ela, até me fartar, nem que fosse por um dia...

Gosto de poder não gostar, mas gosto bem mais de gostar com prazer!

 

A minha Vida nunca foi Solidão, porque sempre me deliciei, com este meu doce dom, de poder estar assim na Vida, sem me desligar de tudo, de todos aqueles, da minha estima, a quem telefono com regularidade, com quem converso, em certas e determinadas tertúlias.

 

Nunca nutri indiferença pelo meu semelhante, pelos vizinhos, pelos companheiros de jornada, pelos amigos, pelos filhos, pela mãe das minhas filhas; importante, acima de tudo, é que haja reciprocidade.

 

Se esse estado de alma não existir, então há que os entender, sem os recriminar, porque será com o meu exemplo, que os farei saltar da sua indiferença, para se sentirem positivos, para poderem fazer-se sentir bem mais felizes, quiçá transmitir, aos que os rodeiam, essa tal Felicidade.

 

Jamais gostei de saber de alguém, naquilo que, por motivos obviamente sãos, nunca me interessou saber.

 

Opções de Vida, sem nos negativarmos, deveria ser ensinado, desde o berço, como se ensina a utilizar o prato, a colher, o garfo, e a faca, para comer, sem sujar as mãos, nem as pontas dos dedos...!

 

Marcolino Duarte Osório 

- Peregrino -

2011-02-17

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 12:15
sinto-me: feliz assim...!!!

14
Fev 11

 

O mêdo de Morrer sozinho...

 

Tanto se especula com este facto

Fazendo-nos crer que é mesmo horrível

Só quem como eu

Por já ter sido acometido por doença súbita

Pode avaliar do sofrimento

Sim é verdade

Um problema cardíaco fez com que desmaiasse

Não sei por quanto tempo fiquei naquele estado

Fui acordando aos poucos

Corpo dormente e gelado

Cara e mãos da mesma forma

A pouco e pouco fui vendo que ainda existia

Minha pele parecia grossa e como cortiça

Mexia os olhos

Cansado pensava apenas em mim

Uma voz dentro de mim soou

Ordenando-me para que não entrasse em pânico

Voltei-me de barriga para baixo

Rastejei até ao meu quarto

A custo subi para a cama

Onde do intenso frio me resguardei

Meu corpo começo aquecer lentamente

Senti-me seguro e adormeci

Já o sol passara pelo zénite

Quando acordei lentamente

Todo o meu corpo doía principalmente o peito

Fui tomando consciência do que deveria fazer

(... ...)

 Já na cama do hospital fui pensando no acontecido

Confesso que se tivesse morrido

Nem dor corporal teria sentido

Minha Alma estaria já do outro Lado

Meu corpo permaneceria apodrecendo no chão da sala

Até que alguém conta se desse...

(... ...)

Pelos relatos dos média perante estes casos

Sofre mais quem cá fica do que os que morrem sós

Sofrem mais porquê?!

Com o medo da Morte em Solidão

São desmesurados nas suas imaginações doentias

Pensado erradamente que morrendo acompanhado

Seja por quem for

O Sofrimento deixa de existir

Oh santinhos

Acordem para a Vida e deixem de ser medrosos

 

Marcolino Duarte Osório 

- Peregrino -

2011-02-14

publicado por Marcolino Duarte Osorio às 02:19
sinto-me: que nunca houve que ter mêdo!

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