A hora vai mudar…
A hora vai mudar
Meus dois relógios
O de parede e o de pulso
Ao dar-lhes corda
Aos seus dois ponteiros movimentei
Para as suas novas posições
Não tenho que me preocupar
Com os outros dois relógios
O deste computador
E o do meu Televisor
Esses serão actualizados automaticamente
Não são relógios meu corpo e min’ alma
Estão sempre síncronos em tempo
Na hora disto daquilo daqueloutro
São um todo sem ponteiros de marcar horas
Minha vida não regride nem avança
Meu coração bate-bate
Ou docemente
Ora intranquilo
Ou inconformado por não ser amado
Ora síncrono com os demais
No bater do seu dia-a-dia
Mudanças horárias nele
Parece nunca terem existido
Foi o inexorável Tempo
Que dele se apoderou
Em cansaço e tristeza
Olho-o com doce carinho
Positivo-o a prosseguir
Mimo-o
Acaricio-o
Encho-o de afectos
Animo-o a prosseguir
Ele olha-me pleno de cansaço
Exausto pedindo-me complacência
Com medo de me ofender
Vá lá coração pleno de amor Peregrino
São apenas mais umas etapas
Algures mais umas metas volantes
Não desistas agora que há ainda muito para viver
Ainda há muito amor para dares e receberes
Tantos afectos reprimidos
Que tens de os soltar agora
Quantos rostos não receberam o teu beijo
Quantas lágrimas deixariam de rolar com o teu amor
Quantos abraços não deste reprimindo-te
Anda
Não voltes a inibir-te
Deixa teu corpo redopiar na melodia da tua alma
Não pares
Não te tornes programável
Não tens que adiantar nem atrasar a tua hora
Estarás sempre a tempo se agires
A hora vai mudar…
Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2012-10-27